Um estudo publicado na revista Molecular and Cellular Biochemistry revela que microplásticos podem prejudicar o cérebro humano por cinco mecanismos distintos, aumentando o risco de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson. A pesquisa foi conduzida por especialistas da Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS), em parceria com a Universidade de Auburn, nos Estados Unidos.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
🌐 Microplásticos no organismo e o avanço das doenças
O estudo reforça uma preocupação que vem crescendo na comunidade científica: além de poluírem ambientes e alimentos, microplásticos podem entrar no corpo humano, alcançar tecidos profundos — inclusive o cérebro — e desencadear processos inflamatórios.
Atualmente, mais de 57 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência no mundo, número que deve aumentar nas próximas décadas.
🍽️ Quanto ingerimos? Cerca de 250 g por ano
O professor associado Kamal Dua, da UTS, afirma que adultos podem ingerir cerca de 250 gramas de microplásticos por ano, quantidade comparada a “um prato cheio”.
As partículas entram no organismo por diversas vias, como:
• frutos do mar contaminados;
• sal de cozinha;
• alimentos industrializados;
• saquinhos de chá;
• tábuas de corte de plástico;
• bebidas engarrafadas;
• roupas e carpetes sintéticos;
• poeira doméstica.
Estudos indicam que, embora parte seja eliminada, microplásticos podem se acumular em órgãos, incluindo o cérebro.
🧠 Cinco mecanismos de dano cerebral
A revisão sistemática identificou cinco rotas principais pelas quais os microplásticos podem agredir células do sistema nervoso:
1. Ativação exagerada do sistema imune cerebral — As partículas são interpretadas como invasores, provocando inflamação e morte celular.
2. Estresse oxidativo intenso — Aumentam a produção de espécies reativas de oxigênio, enfraquecendo defesas antioxidantes.
3. Comprometimento da barreira hematoencefálica — Estrutura que protege o cérebro fica mais permeável, facilitando a entrada de toxinas.
4. Danos às mitocôndrias — As partículas reduzem a produção de ATP, energia essencial ao funcionamento dos neurônios.
5. Destruição direta de neurônios — Resultado combinado de inflamação, oxidação e falhas energéticas.
🧬 Relação com Alzheimer e Parkinson
Os cientistas destacam que os microplásticos podem agravar doenças já existentes:
• Alzheimer: estímulo ao acúmulo de beta-amiloide e tau, proteínas tóxicas.
• Parkinson: favorecem a agregação de α-sinucleína, relacionada ao dano dos neurônios dopaminérgicos.
Os pesquisadores alertam que não há prova direta de que os microplásticos causam essas doenças, mas há fortes indícios de que podem acelerar processos degenerativos.
🔬 Pesquisas em andamento
O primeiro autor do estudo, Alexander Chi Wang Siu, investiga como essas partículas alteram células cerebrais no laboratório de Murali Dhanasekaran, na Universidade de Auburn.
Na UTS, o pesquisador Keshav Raj Paudel estuda os efeitos da inalação de microplásticos e sua deposição nos pulmões, outra via relevante de exposição.
♻️ Como reduzir a exposição
Os especialistas recomendam medidas simples para diminuir o contato com microplásticos:
• evitar utensílios e recipientes de plástico;
• reduzir o consumo de alimentos processados;
• optar por roupas de fibras naturais;
• evitar secadoras de roupa, que liberam microfibras;
• priorizar garrafas e embalagens de vidro ou metal.
“Precisamos mudar nossos hábitos e usar menos plástico”, afirma Paudel.
🏛️ Impactos em políticas públicas
Os autores defendem que os resultados subsidiem políticas ambientais e de saúde pública, incluindo:
• redução da produção de plástico;
• gestão eficiente de resíduos;
• regulamentação de microplásticos em alimentos e embalagens;
• estratégias específicas de proteção à saúde.
“Os microplásticos são um poluente onipresente. Entender seu impacto no cérebro é crucial para proteger a saúde das próximas gerações”, conclui Dua.
Por Fernando Átila







