A agência reguladora dos Estados Unidos, FDA, autorizou o início dos testes em humanos do Connexus, chip cerebral criado pela empresa americana Paradromics, no Texas, que promete devolver a fala a pessoas com paralisia severa. A tecnologia, considerada uma das mais avançadas da neurociência atual, pode marcar um divisor de águas ao permitir que pacientes transformem sinais neurais em palavras compreensíveis.
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🧠 Como funciona a tecnologia que transforma sinais do cérebro em fala
O Connexus é um dispositivo de interface cérebro-computador (BCI), capaz de converter a atividade neural gerada quando uma pessoa tenta falar — mesmo sem mover lábios, língua ou cordas vocais — em texto e áudio. Ele não lê pensamentos: interpreta apenas os sinais motores associados à tentativa de pronúncia.
O processo ocorre em etapas:
1. A pessoa tenta articular palavras;
2. O chip capta os padrões elétricos gerados pelo cérebro;
3. A inteligência artificial aprende esses padrões;
4. As palavras aparecem em uma tela e podem ser lidas por um sintetizador;
5. Caso existam gravações prévias, a máquina pode até recriar a voz original do paciente.
Segundo o fundador e CEO da Paradromics, Matt Angle, a meta é alcançar cerca de 60 palavras por minuto, ritmo próximo da fala natural e superior ao de tecnologias assistivas atuais.
📡 Precisão e capacidade inéditas
O Connexus é um pequeno disco metálico equipado com 421 microeletrodos, capazes de registrar a atividade de neurônios individuais. Essa precisão aumenta a largura de banda do sistema, essencial para interpretar comandos cerebrais de forma rápida e clara.
A Paradromics disputa espaço no setor com empresas como Neuralink, Synchron, Precision Neuroscience e Cognixion, mas aposta em um caminho próprio: menos eletrodos e maior qualidade de sinal, o que pode permitir comunicação mais veloz e compreensível.
Em testes anteriores com ovelhas, o chip alcançou 200 bits por segundo, desempenho associado a respostas praticamente instantâneas.
🏥 Como é a cirurgia de implantação
A forma de inserção também é inovadora. O dispositivo é implantado com um instrumento semelhante a uma caneta de adrenalina (EpiPen), reduzindo o tempo de cirurgia e diminuindo riscos.
Em um teste recente, um paciente que já havia passado por outra cirurgia cerebral recebeu o Connexus por apenas dez minutos, para avaliar segurança, inserção e remoção.
Nos ensaios clínicos que começam este ano, dois participantes receberão o chip de forma permanente. Caso os resultados sejam positivos, o FDA deve autorizar a expansão para mais voluntários.
🌐 Impacto esperado na vida dos pacientes
A tecnologia tem potencial para beneficiar pessoas que perderam a fala devido a AVC, esclerose lateral amiotrófica (ELA), lesões na medula espinhal e outras doenças neuromotoras graves.
Especialistas afirmam que devolver a capacidade de se comunicar com velocidade e naturalidade — usando a intenção de falar — pode transformar a rotina dos pacientes, recuperar autonomia, reduzir isolamento e melhorar as relações familiares.
Por Aline Dantas










