Pela primeira vez na história, o Brasil ultrapassou a marca de 30 mil transplantes de órgãos e tecidos realizados em um único ano. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (4) pelo Ministério da Saúde, foram 30.349 procedimentos em 2024, número que representa um avanço significativo para o sistema de saúde, mas que contrasta com a queda no número de doadores.
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Do total de transplantes, cerca de 85% foram realizados pelo SUS, que destinou R$ 1,47 bilhão à área no último ano — um aumento de 28% em relação a 2022.
“Vimos o aumento de transplantes, mas a diminuição de doadores. Temos que falar da importância da doação, de quantas vidas podem ser salvas”, alertou Patrícia Freire, coordenadora-geral do Sistema Nacional de Transplantes.
🏥 Avanços e novos procedimentos
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a incorporação de novas tecnologias e estratégias para ampliar o acesso e reduzir desigualdades regionais. Entre as novidades estão:
• Inclusão do transplante de membrana amniótica no SUS, voltado ao tratamento de queimaduras;
• Autorização de transplantes de intestino delgado e multivisceral, indicados para pacientes com falência intestinal irreversível.
⚕️ Órgãos mais transplantados em 2024:
• Córnea: 17.107
• Rins: 6.320
• Medula óssea: 3.743
• Fígado: 2.454
Apesar do recorde, o país ainda possui mais de 78 mil pessoas na fila de espera — sendo 42 mil à espera de um rim.
❌ Recusa familiar ainda é entrave
O ministério destacou que apenas 55% das famílias autorizaram a doação dos órgãos de entes falecidos. Para enfrentar essa resistência, será lançado o Programa de Qualidade em Doação para Transplante (PRODOT), que qualificará equipes para entrevistas com familiares, em parceria com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).
🔬 Tecnologia e logística
Para acelerar o cruzamento entre doadores e receptores, será expandido o uso da prova cruzada virtual, hoje disponível em apenas quatro estados (SP, RS, PI e PE). A tecnologia permite, à distância, identificar riscos de rejeição do órgão antes do transplante.
Outra medida será a reconfiguração das macrorregiões de transplantes, priorizando a distribuição de órgãos dentro da mesma região geográfica — uma estratégia para ampliar o acesso sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.
🧪 Xenotransplante e reajustes no SUS
O governo também deu início a um projeto de pesquisa sobre xenotransplante, técnica que visa utilizar órgãos de porcos geneticamente modificados em humanos. A pesquisa ainda está em fase inicial.
Além disso, o Ministério da Saúde anunciou reajustes nos valores pagos pelo SUS em várias etapas do processo de transplante, como:
• Aumento de pelo menos 81% no valor dos líquidos de preservação de órgãos;
• Reajuste nos exames de ecocardiograma e HLA, fundamentais para avaliar compatibilidade entre doador e receptor.
Por Bruno Rakowsky