Cientistas identificaram no Nordeste do Brasil os restos fossilizados da formiga mais antiga de que se tem notícia. Com asas e mandíbulas em forma de foice, o inseto viveu há cerca de 113 milhões de anos, durante a era dos dinossauros. O fóssil foi preservado em calcário da formação geológica do Crato.
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A nova espécie foi batizada de Vulcanidris cratensis e integra uma linhagem extinta chamada formigas-do-inferno, nome inspirado nas suas mandíbulas de aparência demoníaca. Esse grupo prosperou em uma ampla área geográfica no período Cretáceo, mas não deixou descendentes vivos.
Anteriormente, outra formiga-do-inferno do Cretáceo já havia sido descoberta: a Haidomyrmex, batizada em referência a Hades, o deus grego do submundo.
🦗 Aspectos da Vulcanidris
• Tamanho: Aproximadamente 1,35 centímetro de comprimento
• Mandíbulas: Altamente especializadas, capazes de prender ou espetar presas
• Capacidade de voo: Possuía asas bem desenvolvidas
• Defesa: Equipava-se com um ferrão semelhante ao de uma vespa
De acordo com o entomologista Anderson Lepeco, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), principal autor do estudo publicado na revista Current Biology, um olho não treinado provavelmente confundiria a Vulcanidris com uma vespa.
“As mandíbulas se moviam para cima e para baixo, ao contrário da maioria das formigas atuais, cujas mandíbulas se articulam horizontalmente”, explicou Lepeco.
🧬 Importância evolutiva
Essa formiga é cerca de 13 milhões de anos mais antiga do que os registros anteriores de formigas, fósseis encontrados na França e em Mianmar preservados em âmbar.
Segundo Lepeco, a descoberta reforça a teoria de que as formigas surgiram muito antes do que se pensava: “De acordo com estimativas moleculares, as formigas se originaram entre 168 milhões e 120 milhões de anos atrás. Essa nova descoberta sustenta uma idade anterior dentro desses limites.”
As formigas teriam evoluído a partir de ancestrais semelhantes às vespas, com as vespas e abelhas sendo seus parentes vivos mais próximos.
🌿 Habitat do cretáceo
O ambiente da Vulcanidris cratensis era povoado por uma impressionante diversidade de vida, incluindo:
• Aranhas, milípedes e centopeias
• Crustáceos, tartarugas e crocodilos
• Pterossauros (répteis voadores)
• Pássaros primitivos e dinossauros como o Ubirajara jubatus
Os predadores naturais das formigas poderiam incluir sapos, pássaros, aranhas e outros insetos maiores.
🌎 Formigas hoje
Hoje, as formigas colonizaram praticamente todos os ambientes da Terra. Um estudo publicado em 2022 estimou que existam cerca de 20 quatrilhões de formigas em todo o mundo — um número muito superior à população humana de aproximadamente 8 bilhões.
“Elas são um dos grupos mais abundantes na maioria dos ambientes da Terra”, destacou Lepeco.
As funções ecológicas das formigas são essenciais:
• Predação e herbivoria
• Controle de populações de outros organismos
• Relações com plantas e insetos específicos
• Melhoria da saúde do solo
• Decomposição de matéria orgânica
“Elas têm papéis fundamentais nos ecossistemas em que vivem”, completou Lepeco.
Por Nicolas Uchoa