Ao lado de Valdemar Costa Neto, presidente do PL e condenado no mensalão, Jair Bolsonaro (PL) participou de um evento do seu partido na manhã deste domingo (27), em Brasília. Em discurso, ele afirmou que sua luta é do “bem contra o mal”, e não da “esquerda contra a direita”. Também criticou pesquisas eleitorais que apontam liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Presidência e elogiou o coronel Carlos Brilhante Ustra, morto em 2015, condenado pela Justiça por tortura durante a ditadura militar.
Curta e siga nossas redes sociais:
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
Sem mencionar as investigações de corrupção envolvendo pastores no MEC (Ministério da Educação), Bolsonaro repetiu que não existe corrupção no seu governo.
Apesar do nome “Movimento Filia, Brasil”, o evento antes havia sido anunciado como lançamento da pré-candidatura do presidente à reeleição. Advogados da campanha alteraram o nome para evitar acusação de propaganda eleitoral antecipada e problemas com a Justiça Eleitoral. A lei só permite campanha a partir de 16 de agosto. Ontem, no entanto, o próprio Bolsonaro afirmou que se tratava do lançamento da pré-candidatura.
Mesmo com a mudança no nome, o clima no centro de convenções era de campanha, com música e com o público gritando o nome do presidente, enquanto um apresentador ao estilo de rodeios puxava coros e bradava que Bolsonaro “representa a dignidade do povo brasileiro”. O local comporta 4.000 pessoas, mas não estava lotado. A assessoria do PL não informou estimativa de público até este momento.
O evento do PL acontece no mesmo dia em que o TSE acatou, em decisão liminar, um pedido do partido de Bolsonaro para classificar como propaganda eleitoral as manifestações políticas das cantoras Pabllo Vittar e Marina no Lollapalooza. O TSE também determinou multa de R$ 50 mil para a organização do evento em caso de novas manifestações.
O presidente negou que o evento era campanha eleitoral antecipada: “Aqui não é lugar de fazer campanha para ninguém”.
Afirmou que a disputa pela Presidência este ano não é “luta da esquerda contra a direita”, mas sim, “do bem contra o mal”. Ele também criticou pesquisas eleitorais que apontam o ex-presidente Lula na liderança, dizendo que “uma pesquisa mentirosa publicada 1.000 vezes não fará um presidente da República”.
Apesar do tom de ameaça, declarou também que respeita a legislação brasileira. “Por vezes me embrulha o estômago ter que jogar dentro das quatro linhas, mas eu jurei, e não foi da boca para fora, jogar dentro da Constituição.”
Elogio a militar condenado por tortura
Em seu discurso, Bolsonaro elogiou o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), que atuou no DOI-Codi durante a ditadura militar e foi condenado na Justiça por tortura. Para o presidente, o coronel “lutou por democracia”.
Ustra também foi mencionado por Bolsonaro em seu voto pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. Hoje, o presidente disse que citou Ustra por “dever de consciência”.
O militar foi condenado em primeira e segunda instâncias pela Justiça de São Paulo a reparar vítimas da ditadura militar que sofreram torturas. Recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve as condenações.
Presidente não cita investigação de corrupção no MEC
O evento com Bolsonaro teve momentos de forte apelo religioso. O apresentador citou o nome de Deus a todo momento e, parafraseando a Bíblia, disse que os tribunais soltaram o “Barrabás” de “nove dedos”, uma referência tanto a Lula quanto à passagem da Bíblia em que um ladrão solto pelo Império Romano é condenado à morte em uma cruz.
Ele também puxou a oração do Pai-Nosso, mencionando a reeleição em 2022. “Que o Senhor permita que Jair Messias Bolsonaro tenha mais uma oportunidade”, disse.
Em certo momento, afirmou que a “batalha” não era política, mas “espiritual”.
Com forte base de apoio dos evangélicos, Bolsonaro não mencionou em seu discurso as denúncias de corrupção envolvendo pastores evangélicos. Nesta semana, a Polícia Federal abriu investigação para apurar as suspeitas envolvendo favorecimento na distribuição de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao MEC (Ministério da Educação). O pedido de inquérito foi feito pela Controladoria Geral da União (CGU).
Paralelamente, existe um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) que apura a possível participação do ministro Milton Ribeiro no caso. A ministra Cármen Lúcia, do Supremo, entendeu que é “imprescindível” investigar todos os possíveis envolvidos no “gabinete paralelo” do MEC, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Áudios divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo mostraram Ribeiro afirmando que o governo federal priorizava o atendimento de pedidos de verbas de municípios que eram indicados por dois pastores evangélicos, Gilson Santos e Arilton Moura.
Além disso, um prefeito afirmou que um dos pastores citados teria pedido propina em ouro para a liberação de verbas no Ministério. Desde então, outros prefeitos tornaram públicas denúncias de pedidos de propina.
Fonte: UOL