O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, na manhã desta quinta-feira (6), em Belém (PA), a Cúpula do Clima, cobrando ações concretas dos países para conter a elevação da temperatura global em até 1,5ºC, conforme o Acordo de Paris, firmado há 10 anos.
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Em seu discurso, diante de chefes de Estado, diplomatas e representantes internacionais, Lula alertou sobre o agravamento da crise climática e pediu coragem política para implementar mudanças estruturais.
“O ano de 2024 foi o primeiro em que a temperatura média da Terra ultrapassou um grau e meio acima dos níveis pré-industriais. A ciência já indica que essa elevação vai se estender por algum tempo ou até décadas, mas não podemos abandonar o objetivo do Acordo de Paris”, afirmou o presidente.
🔥 “A COP30 será a COP da verdade”, diz Lula
A Cúpula, que antecede a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) — prevista de 10 a 21 de novembro, também em Belém —, busca atualizar compromissos multilaterais diante da urgência climática global.
Lula destacou dados alarmantes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que indicam que o planeta pode se tornar 2,5ºC mais quente até 2100, com impactos devastadores.
“Mais de 250 mil pessoas poderão morrer a cada ano. O PIB global pode encolher até 30%. Por isso, a COP30 será a COP da verdade. É hora de levar a sério os alertas da ciência e decidir se teremos ou não a coragem e a determinação necessárias para transformá-la”, declarou Lula, sob aplausos.
O presidente também defendeu a aceleração da transição energética e a proteção da natureza como caminhos centrais para frear o aquecimento global.
“Precisamos reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar recursos para esses objetivos”, acrescentou.
🌍 Conexão entre política e vida real
Durante o discurso, Lula relembrou que a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), foi adotada em 1992, na Rio-92, e defendeu a necessidade de aproximar o debate diplomático das realidades cotidianas.
“As pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição. Podem não compreender o que são sumidouros de carbono, mas reconhecem o valor das florestas e dos oceanos. O combate à mudança do clima deve estar no centro das decisões de cada governo, de cada empresa, de cada pessoa”, enfatizou.
⚖️ Justiça climática e desigualdade global
O presidente também abordou a justiça climática como eixo essencial das políticas ambientais e econômicas. Para ele, não há como enfrentar os desastres climáticos sem combater as desigualdades sociais.
“A justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza, da luta contra o racismo, da igualdade de gênero e da promoção de uma governança global mais representativa e inclusiva”, afirmou.
Lula criticou ainda o descompasso entre o contexto geopolítico e a urgência climática: “Rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam a atenção e drenam os recursos que deveriam ser canalizados para o enfrentamento do aquecimento global. A janela de oportunidade que temos para agir está se fechando rapidamente.”
🌱 Povos tradicionais e sabedoria indígena
Em um momento simbólico do discurso, Lula fez referência à mitologia Yanomami, destacando o papel dos povos indígenas na preservação ambiental.
“Entre os povos Yanomami existe a crença de que cabe aos seres humanos sustentar o céu, para que ele não caia sobre a Terra. Essa perspectiva dá a medida da nossa responsabilidade perante o planeta, principalmente diante dos mais vulneráveis”, disse.
O presidente defendeu que o mundo precisa adotar um novo modelo de desenvolvimento justo, resiliente e de baixo carbono, e concluiu: “Espero que esta Cúpula contribua para empurrar o céu para cima e ampliar nossa visão para além do que enxergamos hoje.”
🤝 Fundo Florestas Tropicais para Sempre
Após a cerimônia de abertura, Lula recebeu lideranças mundiais em um almoço oficial para o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), que apoiará países detentores de florestas tropicais, como o Brasil e outras oito nações amazônicas.
Na sexta-feira (7), o evento prossegue com novas plenárias e discursos de centenas de chefes de delegações, além de reuniões bilaterais entre Lula e líderes como Emmanuel Macron (França) e Keir Starmer (Reino Unido).
Por Nicolas Uchoa










