O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) destituiu nesta quinta-feira (15) Ednaldo Rodrigues do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão é do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, que também nomeou Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, como interventor provisório, com a missão de convocar novas eleições o quanto antes.
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A medida anula o acordo que permitiu a permanência de Ednaldo no comando da CBF após as eleições internas realizadas no início deste ano. De acordo com o magistrado, há indícios de falsificação da assinatura do ex-presidente da entidade, Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, além de dúvidas sobre sua capacidade mental para firmar o documento.
“Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela corte superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido por Coronel Nunes”, diz a decisão.
⚖️ Decisão ocorre após determinação do STF
O caso retornou ao TJ-RJ após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, no último dia 7. Na ocasião, o ministro negou o afastamento imediato de Ednaldo, mas determinou que o tribunal fluminense apurasse com urgência as denúncias de irregularidades.
As acusações contra o dirigente foram formalizadas por Fernando Sarney e pela deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ). Ambos alegam que a assinatura do Coronel Nunes no acordo que selou a eleição de Ednaldo foi falsificada. Um laudo pericial anexado ao processo indica que a assinatura não é autêntica.
Segundo o desembargador, a capacidade cognitiva do Coronel Nunes está sob suspeita desde 2018, após ele ser diagnosticado com câncer cerebral. Ele chegou a ser convocado para audiência na última segunda-feira (13), mas seu advogado informou que ele não teria condições de comparecer por razões de saúde.
📉 Crise institucional e novo capítulo jurídico
A destituição marca a segunda vez que Ednaldo Rodrigues é afastado da presidência da CBF pelo TJ-RJ. A primeira ocorreu em dezembro de 2023, mas o dirigente retornou ao cargo um mês depois, graças a uma decisão do próprio ministro Gilmar Mendes.
Nos bastidores, Ednaldo tentava mobilizar apoio político e jurídico para permanecer no cargo. Na terça-feira (14), ele se reuniu com presidentes de federações estaduais, que demonstraram confiança em sua permanência. O corpo jurídico da CBF chegou a garantir que havia segurança legal para manter Ednaldo no cargo, mas admitiu que a situação poderia ser revertida no TJ-RJ, como ocorreu nesta quinta.
⚽ Ancelotti e manobra estratégica
Em meio à crise, Ednaldo Rodrigues tentou ganhar apoio popular ao anunciar na segunda-feira (13) a contratação do técnico Carlo Ancelotti para a Seleção Brasileira — mesmo sem confirmação oficial do Real Madrid, atual clube do treinador. A atitude foi vista como uma tentativa de fortalecer sua imagem pública antes do julgamento decisivo.
Três dias após o anúncio, o clube espanhol ainda não confirmou a saída de Ancelotti, alimentando dúvidas sobre a veracidade da contratação.
Por Aline Dantas