Músico, compositor, multi-instrumentista, ex-Beatle, cavaleiro da Coroa Britânica? Em seus 80 anos de vida, completados hoje, Paul McCartney acumula história —e mitos— suficiente para encher uma biblioteca, além de sucessos e prestígio para ser considerado, sem perigo de exagero, um dos maiores artistas vivos nos últimos 60 anos.
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Aparentemente um garoto como qualquer outro de Liverpool (340 km de Londres), McCartney tornou-se, ao lado de John Lennon, George Harrison e Ringo Starr, um dos rostos mais conhecidos em todo o mundo, ainda muito jovem, com a canção “Love Me Do” estourando nas rádios do Reino Unido em 1963, quando ele tinha apenas 21 anos.
Desde então, o “Beatle bonitinho”, alcunha pela qual ele ficaria conhecido e sempre odiou, foi cada vez mais reverenciado, seja durante a estrondosa carreira do Fab Four, posteriormente com os Wings ou mesmo em sua carreira solo, que já acumula 16 álbuns de estúdio em cinco décadas.
Por onde passa, Sir Paul McCartney segue lotando estádios com apresentações cheias de energia, que mostram que, apesar da idade, ele ainda é um “showman”, esbanjando tanto carisma quanto nos seus vinte e poucos anos, quando vestia terninho e cantava ao lado de Lennon.
De origem humilde e operária, o músico superou tragédias como a morte precoce da mãe e a separação traumática da sua primeira banda para se tornar um artista duplamente nomeado ao Hall da Fama do Rock and Roll, ganhador de um Oscar e 18 vezes vencedor do Grammy.
Além de se tornar membro da Ordem do Império Britânico e ser apontado como cavaleiro pela rainha Elizabeth 2ª pelos seus serviços ao universo da música. De seu ativismo pela causa vegetariana às controvérsias relacionadas ao uso de drogas no passado, são inúmeros os enredos e tramas nos 80 anos de vida de McCartney.
Juventude e os anos de Beatles
Filho de Jim e Mary McCartney, Paul nasceu em Walton, na região metropolitana de Liverpool, em 18 de junho de 1942. Membros da classe operária, o pai de Paul trabalhou muito tempo como vendedor, enquanto sua mãe era parteira. O futuro Beatle e seu irmão mais novo, Peter, sempre foram encorajados pelo pai a se aventurar na música.
Jim, que fazia parte de uma banda de jazz como trompetista e pianista, presenteou o filho mais velho com um trompete no seu aniversário de 14 anos, mas com a popularidade crescente do rock nas rádios, o jovem Paul trocou o instrumento por um violão, já que queria também cantar. Achando difícil usar a mão direita, ele inverteu as cordas no instrumento para poder tocar com a mão esquerda, por ser canhoto.
Ainda com 14 anos, McCartney perdeu a mãe, que faleceu em decorrência de um embolismo. A tragédia se tornou um ponto de conexão com John Lennon, que também perdeu a mãe cedo, aos 17 anos. Os dois se conheceram em 1956, e em pouco tempo John convidou Paul para a sua banda, The Quarrymen, como guitarrista.
Dois anos depois, George Harrison entraria para o grupo, e eles finalmente se batizaram de Os Beatles. Nos anos seguintes, McCartney relutantemente passaria a ser o baixista da banda, Brian Epstein se tornaria o empresário, Ringo Starr assumiria a bateria e eles lançariam seu primeiro hit, “Love Me Do”.
Durante a década seguinte, o mundo presenciou uma ascensão meteórica do grupo que colecionava hit atrás de hit e vivia a “beatlemania”. Durante a gravação do sexto álbum da banda, “Rubber Soul”, em 1965, McCartney foi cada vez mais tornando-se a figura dominante da banda em todos os aspectos, suplantando Lennon no processo.
Foi nessa época que as tensões internas entre os quatro integrantes da banda começaram a surgir e apenas se intensificariam nos anos seguintes, com o fim das turnês, e na gravação dos históricos “Revolver” e “Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band”.
A morte de Brian Epstein, em 1967, criou um vácuo no direcionamento da banda, que foi preenchido mais uma vez por McCartney, que seguia pressionando o grupo para projetos grandiosos, como o filme “Magical Mistery Tour”.
A situação entre os músicos foi de mal a pior durante a gravação do “White Album”, no fim de 1968, se agravando no ano seguinte durante as sessões de “Let It Be”.
Em 1969, McCartney casou-se com sua primeira esposa, Linda, os Beatles gravaram seu último álbum, “Abbey Road” — lançado antes de “Let It Be” apesar de gravado depois — e John Lennon anunciou sua saída da banda. Meses depois, McCartney fez o mesmo, e em 31 de dezembro do ano seguinte, ele entrou com um processo para formalizar a dissolução dos Beatles.
Carreira solo pós-Beatles, Wings e atualidade
Depois que Lennon anunciou privadamente que sairia da banda, Paul McCartney entrou em um estado de confusão e depressão, durante o qual gravou seu primeiro álbum solo, “McCartney”. Gravado de maneira secreta, com equipamentos caseiros e com o músico tocando todos os instrumentos, o disco trazia um estilo lo-fi e recebeu críticas negativas na época.
Seu lançamento foi considerado por muitos, naquele tempo, o último prego no caixão dos Beatles. Ao longo das cinco décadas seguintes, o músico lançou mais 15 álbuns solos de canções inéditas, o último em 2020.
Após o fim dos Beatles, McCartney formou os Wings. O grupo seguiu ativo por dez anos, até 1981, tendo a participação de Linda e do guitarrista Denny Laine em sua formação, variando os outros integrantes. Apesar de seu sucesso comercial, os oitos álbuns lançados pela banda nem sempre foram recebidos com o mesmo clamor pela crítica.
Paul McCartney seguiu se aventurando e experimentando musicalmente, desde a composição sinfônica “Liverpool Oratorio” até fazendo parte do duo eletrônico-experimental The Fireman. O ex-Beatle ainda colaborou em canções com artistas como Michael Jackson, Elvis Costello, Stevie Wonder e, mais recentemente, Rihanna e Kanye West.
Ele mantém o recorde de maior público pagante em um estádio — o show para 184 mil pessoas no Maracanã, em 1990. Ainda neste mês, será um dos headliners do Festival de Glastonbury, na Inglaterra, tornando-se o artista mais velho a tocar em toda a história do festival.
Fonte: Splash/UOL