A convenção nacional do PL oficializou, neste domingo (24), o presidente Jair Bolsonaro como candidato à reeleição e o ex-ministro da Defesa Braga Netto, vice.
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Em discurso, Bolsonaro convocou seus apoiadores a irem às ruas “uma última vez” no 7 de Setembro e, em seguida, dirigiu seus ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de Setembro, vá às ruas pela última vez. Vamos às ruas pela última vez”, disse, aos gritos de “mito”. Bolsonaristas têm buscado mobilizar uma espécie de grande ato de campanha no mesmo feriado em que, no ano passado, o presidente deu declarações golpistas e atacou a corte.
“Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o Poder Executivo e o Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da constituição. Isso interessa a todos nós”, afirmou o presidente da República.
Mais cedo, no início de seu discurso, o mandatário já tinha dado a deixa para que seus apoiadores atacassem os magistrados da corte.
Bolsonaro afirmou que, sob seu governo, o povo tomou conhecimento sobre o que era o Supremo Tribunal Federal. Em seguida, abaixou o microfone e deixou que o público entoasse vaias e a palavra de ordem “Supremo é o povo”.
Em outro trecho de sua fala, o presidente voltou a uma metáfora que costuma fazer, de chamar seus apoiadores de “exército”. Jurou dar a vida pela liberdade e fez com que o público do estádio fizesse o mesmo juramento.
“Esse, Braga Netto, é o nosso exército. É o exército do povo, o exército que está do nosso lado, que não admite corrupção, não admite fraude. Esse é o exército que quer transparência, quer respeito. Quer, não.Merece e vai ter”, completou.
Apesar de todos saberem da imprevisibilidade do presidente, o seu entorno ainda esperava que ele evitasse em seu discurso declarações radicais e ataques ao Supremo. Havia um temor de que ele falasse sobre urnas eletrônicas, o que não ocorreu, ainda que ele tenha mencionado a palavra “fraude” e “eleições limpas”.
O evento ocorreu no Maracanãzinho, tomado pelas cores verde e amarelo. Bolsonaro chegou ao local acompanhado da primeira-dama, Michelle, de Braga Netto e sua esposa.
O estádio tem capacidade para 11,8 mil pessoas. Marcaram presença no palco candidatos, parlamentares e aliados, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) —que foi ovacionado por bolsonaristas.
O evento do PL ocorre a menos de três meses da eleição. O chefe do Executivo está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Lula (PT).
Levantamento do Datafolha do final de junho mostra o petista 19 pontos à frente de Bolsonaro, marcando 47% contra 28%, no primeiro turno.
No início da semana, opositores se mobilizaram para resgatar ingressos e esvaziar o evento de Bolsonaro. A movimentação levou a campanha a fazer um pente fino e cancelar inscrições. Segundo interlocutores, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) será acionado para apurar o episódio.
A campanha começa, oficialmente, na segunda metade de agosto. No início do ano, a filiação do presidente já teve clima de comício, ainda que não tenha mencionado sua candidatura, por orientação jurídica.
Na ocasião, além de trazer a ideia de luta do bem contra o mal, em uma referência ao PT, também falou sobre liberdade e “jogar nas quatro linhas [da Constituição]”.
O ato teve de ser reformulado para se adequar à legislação eleitoral, como mostrou a Folha. Inicialmente, o convite era para o lançamento da pré-candidatura de Bolsonaro, mas não há previsão legal para isso, então fizeram um evento de filiação.
Fonte: Folhapress