Apenas 5,2% dos estudantes da rede pública que concluíram o 3º ano do ensino médio em 2023 atingiram um nível de aprendizagem em matemática considerado adequado. O dado faz parte da análise do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), divulgada nesta segunda-feira (28), Dia Mundial da Educação.
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Na rede privada, o percentual de alunos com aprendizagem adequada em matemática foi 30,5%, evidenciando a desigualdade entre os sistemas de ensino.
A base dos dados é o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2023.
📉 Retrocesso no desempenho pós-pandemia
De acordo com o estudo “Aprendizagem na Educação Básica: situação brasileira no pós-pandemia”, do Todos Pela Educação, a situação atual remete a cenários de mais de uma década atrás.
🔹 Mesmo com um leve aumento em relação a 2021 (5%), o índice atual ainda é inferior aos 6,9% registrados em 2019, antes da pandemia, e semelhante aos números de 2011.
📖 Desempenho em língua portuguesa também é preocupante
O desempenho em língua portuguesa mostrou resultados um pouco melhores, mas ainda aquém do ideal:
• 32,4% dos alunos do 3º ano do ensino médio na rede pública atingiram nível de aprendizagem adequado.
• Em 2021, o percentual era de 31,2%.
• Em 2019, o número era 33,5%.
🔍 Destaques das análises
Confira alguns dos principais dados revelados pelos estudos:
• 5,2% dos alunos da rede pública no 3º ano do ensino médio atingiram aprendizagem adequada em matemática.
• 16,5% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental demonstraram domínio esperado em matemática (Iede).
• 43,5% dos alunos da rede pública no 5º ano do ensino fundamental tiveram desempenho adequado em matemática.
• 55,1% dos alunos da rede pública no 5º ano do ensino fundamental tiveram desempenho adequado em língua portuguesa (Iede).
O país só recuperou o nível de aprendizagem adequado pré-pandemia em língua portuguesa no 9º ano, com 35,9% dos estudantes da rede pública atingindo o patamar.
⚠️ Desigualdades por raça e renda se agravaram
O relatório do Iede mostra que as desigualdades educacionais por raça e renda aumentaram nos últimos dez anos:
• No 9º ano, a diferença de desempenho em língua portuguesa entre estudantes brancos/amarelos e pretos/pardos/indígenas cresceu de 9,6 p.p. (2013) para 14,1 p.p. (2023).
• Em matemática, o abismo passou de 6,2 p.p. para 8,6 p.p.
• No ensino médio, a diferença em português aumentou de 11 p.p. para 14 p.p.
👥 Impacto do nível socioeconômico:
• No 5º ano, 61% dos alunos mais ricos atingiram aprendizagem adequada em língua portuguesa, contra 45% dos mais pobres.
• Em matemática, 52% dos mais ricos alcançaram o nível esperado, enquanto apenas 32% dos mais pobres conseguiram o mesmo.
Mesmo entre estudantes com o mesmo perfil socioeconômico, os alunos brancos continuam tendo desempenho superior ao de pretos e pardos.
🏫 Comparação entre redes privada e pública
As diferenças entre o ensino privado e o público continuam evidentes:
• No 5º ano, 72,6% dos estudantes da rede privada atingiram o nível adequado em matemática, frente a 43,5% da rede pública.
• Em língua portuguesa, a diferença de desempenho entre as redes foi de 27,4 pontos percentuais.
• No ensino médio, apenas 3% dos estudantes pretos atingiram o nível adequado em matemática, contra 8% dos estudantes brancos.
🗣️ Avaliação
Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação, avaliou: “É inadmissível que o país não tenha conseguido, em uma década, reduzir as enormes diferenças de aprendizagem entre estudantes de diferentes grupos raciais e socioeconômicos”, avalia Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação.
Segundo Corrêa, os dados reforçam a urgência de políticas públicas robustas para recompor as perdas e garantir equidade na educação brasileira.
Por Fernando Átila