Apesar da recente desaceleração da inflação, o Banco Central (BC) surpreendeu o mercado financeiro ao elevar a taxa Selic para 15% ao ano, em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (18). O aumento de 0,25 ponto percentual marca a sétima alta consecutiva e leva os juros ao maior nível desde julho de 2006.
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A expectativa predominante era de manutenção da taxa em 14,75% ao ano, o que torna o anúncio ainda mais significativo. Em comunicado, o Copom explicou que o cenário de incertezas econômicas e o comportamento da inflação justificam a decisão e indicou que os juros devem ser mantidos nesse patamar por um período prolongado.
🗣️ “O Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado e avaliar se o nível atual é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz a nota do BC.
🔍 Inflação ainda preocupa
Mesmo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrando alta de 0,26% em maio, o acumulado de 12 meses chegou a 5,32%, ultrapassando o teto da meta contínua de inflação, fixada em 3%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Segundo as novas projeções do Banco Central, o IPCA deve fechar 2025 em 4,9% — ainda acima do limite da meta — e alcançar 3,6% em 2026. Já o mercado, conforme o boletim Focus, prevê inflação de 5,25% neste ano.
🧾 Entenda a meta contínua de inflação
Desde janeiro, o país adota o modelo de meta contínua, no qual a inflação é avaliada mês a mês, em janelas móveis de 12 meses, e não mais apenas com base no índice fechado de dezembro. O sistema visa aumentar a previsibilidade e o monitoramento da política monetária.
📉 Selic e economia: efeitos cruzados
A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação, pois impacta diretamente o custo do crédito e o consumo. Juros mais altos desestimulam o consumo e o investimento, mas ajudam a conter a alta de preços.
📌 A escalada da taxa básica começou em setembro de 2024, após permanecer estável em 10,5% entre junho e agosto daquele ano. Desde então, foram sete aumentos seguidos, com altas que variaram entre 0,25 e 1 ponto percentual.
Por outro lado, a política de aperto monetário tende a frear o crescimento econômico. No último Relatório de Inflação, o BC revisou para 1,9% a estimativa de crescimento do PIB em 2025. O mercado, no entanto, se mostra mais otimista, com previsão de 2,2%, segundo o Focus.
📈 O que esperar daqui pra frente?
O Copom indicou que, mantido o cenário atual, este deve ser o último aumento da Selic antes de uma fase de estabilidade. Contudo, novas elevações não estão descartadas, caso a inflação volte a ganhar força.
“Seguiremos vigilantes. Não hesitaremos em prosseguir no ciclo de ajuste, caso julguemos necessário”, conclui o comunicado.
A próxima reunião do Copom está marcada para agosto, quando o cenário será novamente reavaliado à luz dos dados inflacionários e do comportamento da economia.
Por Bruno Rakowsky