O mundo da arte e da fotografia se despede de um de seus maiores nomes: Sebastião Salgado, um dos fotógrafos mais importantes e influentes do século XX e XXI, morreu aos 81 anos. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Terra, organização ambiental fundada por ele e sua esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado.
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“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, diz a nota oficial do Instituto.
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📸 Um olhar profundo sobre o planeta e o ser humano
Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, Sebastião Ribeiro Salgado Júnior iniciou sua trajetória profissional como economista, mas descobriu na fotografia sua verdadeira vocação aos 29 anos, em 1973.
A partir daí, mergulhou de corpo e alma em projetos documentais que marcaram a história da fotografia. Entre os principais estão:
• “Trabalhadores” (1993) – um retrato global da classe operária;
• “Êxodos” (2000) – sobre migrações humanas;
• “Gênesis” (2013) – um tributo à natureza intocada;
• “Gold” (2019) – sobre a corrida do ouro em Serra Pelada.
Com sua técnica inconfundível em preto e branco, Salgado percorreu mais de 120 países, sempre com o objetivo de capturar a essência humana e o estado do planeta, em imagens que frequentemente expõem a dor, a beleza, a desigualdade e a resistência.
🌱 Um legado que vai além da fotografia
Em 1998, junto com Lélia, fundou o Instituto Terra, dedicado à recuperação da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce. A iniciativa transformou áreas devastadas em florestas novamente vivas, com impacto social e ambiental reconhecido internacionalmente.
“A restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade”, afirmou o Instituto.
🗣️ Voz crítica e humanista
Salgado via a fotografia como um ato político e social. Em uma de suas falas mais emblemáticas, declarou: “A fotografia é o espelho da sociedade”.
Na cerimônia em que recebeu o prêmio da Royal Photographic Society, em Londres, ele destacou: “Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte. Não sou artista, sou fotógrafo – e é um grande privilégio ser fotógrafo”.
📉 A despedida
Em 2024, anunciou sua aposentadoria do trabalho de campo. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, revelou os desgastes de décadas em zonas de conflito e regiões inóspitas:
“Sei que não viverei muito mais. Mas não quero viver muito mais. Já vivi tanto e vi tantas coisas”.
Por Nicolas Uchoa