O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), anunciou nesta segunda-feira (3) a compra do imóvel onde foi gravado o filme ‘Ainda Estou Aqui’, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional. A casa, localizada na Urca, Zona Sul da cidade, será transformada na Casa do Cinema Brasileiro, um espaço dedicado à memória do cinema nacional e à história de Eunice Paiva, personagem central da obra.
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O anúncio foi feito por Paes em suas redes sociais, um dia após o Brasil conquistar seu primeiro Oscar na história.
“Hoje sairá publicado em Diário Oficial Extra da Prefeitura do Rio que decidimos comprar/desapropriar e transformar o imóvel do filme ‘Ainda Estou Aqui’ na Casa do Cinema Brasileiro. Vamos tornar público e abrir para visitação o espaço que trouxe o primeiro Oscar do Brasil em quase 100 anos da premiação”, escreveu o prefeito.
A decisão foi oficializada por meio de um decreto publicado no Diário Oficial do Município, no qual o imóvel foi declarado de utilidade pública. O documento destaca a importância histórica e cultural do filme, baseado na obra de Marcelo Rubens Paiva, além de ressaltar o compromisso do Estado em valorizar a memória de brasileiros que resistiram ao autoritarismo e contribuíram para a democracia.
O imóvel, construído em 1937, possui 480 m² e passou por adaptações para se assemelhar à casa original da família Paiva nos anos 1970. Após as gravações, a residência foi reformada e atualmente está à venda por R$ 14 milhões.
Além de seu valor histórico, o local também é visto como um potencial ponto turístico, considerando o reconhecimento internacional do filme.
Casa do Cinema Brasileiro: museu e centro de produções audiovisuais
Segundo Eduardo Paes, a Casa do Cinema Brasileiro será um museu permanente, onde o público poderá conhecer tanto a história de Eunice Paiva e sua família quanto a trajetória do Brasil no Oscar.
O local também servirá como nova sede da Rio Film Commission, instituição que busca atrair e incentivar produções cinematográficas na cidade.
“Faremos da casa onde foi gravado o filme um lugar de memória permanente da história de Eunice Paiva e sua família, da democracia e ainda uma homenagem às duas grandes mulheres que orgulham o Brasil e deram vida a ela – Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, destacou Paes.
O prefeito ainda sugeriu que o espaço poderá abrigar a estatueta do Oscar conquistada pelo filme, destacando a importância de estimular novas produções nacionais e futuras premiações internacionais.
A reconstituição da casa no filme
O imóvel usado como cenário para ‘Ainda Estou Aqui’ foi escolhido pela equipe do cineasta Walter Salles devido à semelhança com a casa original da família Paiva, que ficava na Avenida Delfim Moreira, mas foi demolida.
Para o filme, a residência na Urca passou por diversas adaptações para recriar fielmente a atmosfera dos anos 1970. Parte do piso foi coberta, e a decoração foi ajustada para refletir a época. A precisão da reconstituição impressionou até mesmo os atuais proprietários.
O imóvel conta com quatro suítes, quatro salas, piscina e elevador, e foi reformado após o término das gravações.
O impacto de ‘Ainda Estou Aqui’
O filme ‘Ainda Estou Aqui’ entrou para a história ao se tornar o primeiro longa brasileiro a vencer um Oscar, na categoria de Melhor Filme Internacional.
Ao receber o prêmio, o diretor Walter Salles destacou o legado de Eunice Paiva, mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva, que resistiu à repressão da ditadura militar após o desaparecimento de seu marido.
“Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande em um regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir”, afirmou Salles em seu discurso.
O filme também foi indicado nas categorias de Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e Melhor Filme, mas acabou perdendo para “Anora”, que foi o grande vencedor da noite com quatro estatuetas.
Por Nicolas Uchoa