A Universidade Federal do Cariri (UFCA), campus Crato, recebeu, nesta quarta-feira (26), a exibição do curta-documentário ‘Caminhos do Caldeirão – A Diáspora’. O evento contou com a participação de mais de 60 alunos de diferentes cursos, incluindo Medicina Veterinária, e foi promovido em parceria com a Reitoria da UFCA.
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O documentário faz parte do projeto “Caminhos do Caldeirão” e aborda a formação e a trajetória da comunidade do Caldeirão, no Crato, explorando os impactos históricos e os conflitos que levaram à sua dispersão. Após a exibição, uma roda de conversa reuniu estudantes e professores, incluindo os docentes Janailton, Fabiano, Alessandra e Ricardo Ness, para um debate sobre os temas abordados no filme.

História e resistência da comunidade do Caldeirão
Durante o debate, os participantes aprofundaram seus conhecimentos sobre os fatores que levaram ao combate à comunidade do Caldeirão, bem como os contextos político, religioso e social que motivaram a oposição do Estado e da Igreja à sua existência. Além disso, os alunos tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas sobre o processo de produção do documentário e a importância do audiovisual na preservação da memória histórica.

O evento destacou a relevância de iniciativas acadêmicas e culturais voltadas para o resgate e difusão da história local, promovendo reflexões sobre as comunidades tradicionais e sua relação com o poder público ao longo do tempo.
O curta-documentário ‘Caminhos do Caldeirão – A Diáspora’ tem roteiro de Giorgio Leonel e direção de Sandro Leonel. A produção contou com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal do Crato.

Saiba mais
O Massacre da Comunidade do Caldeirão ocorreu em 1937, no Crato, e foi uma das mais violentas repressões a um movimento camponês no Brasil. A comunidade, liderada pelo beato José Lourenço, era um assentamento autossuficiente de trabalhadores rurais inspirados no modelo comunitário de Canudos. Seus membros viviam coletivamente, produzindo alimentos e rejeitando a exploração dos latifundiários. No entanto, o crescimento da comunidade e sua independência econômica geraram desconfiança das autoridades locais, da Igreja Católica e do governo de Getúlio Vargas, que viam o grupo como uma ameaça à ordem social e política.
A repressão começou com ações policiais em 1936 e culminou no ataque final em 11 de maio de 1937, quando a comunidade foi bombardeada pela Força Aérea Brasileira e invadida por tropas estaduais. O massacre deixou um número desconhecido de mortos – estimativas indicam centenas de vítimas –, e os sobreviventes foram perseguidos, presos ou mortos posteriormente. O episódio ficou marcado pela violência desproporcional do Estado contra um grupo pacífico, sendo um dos capítulos mais sombrios da história da luta camponesa no Brasil.
Por Fernando Átila