Sou um velho marciano
Reencarnado na humana forma
Que traz nas retinas a luz
refletida das placas de neon.
Respirando o carbônico ar
Expelido pelos canos dos
autos.
Sem deuses enclausurados
na palavra, paredes das catedrais.
Na boca a poesia
O cigarro que mata e me salva
Nas horas de agonia
Trazendo paz alma.
Um peregrino cigano
Cruzando o mapa
Que nada sabe de onde vem
Nem para onde vai
Grão de pó levado nas correntes
Engrenagens de uma máquina
imaginária.
Maquinalmente amanheço
O gosto de menta no palato
Misturado com o amargo café
Renasço depois do sono
Sonhos
Sou um velho marciano
Reencarnado
na humana forma
Um peregrino cigano
Cruzando o mapa
Que nada sabe.
Por Fabiano Brito. Cratense, cronista e poeta com três livros publicados: “O Livro de Eros”, “Ave Poesia” e “Lunário Nordestino” (Editora UICLAP)