Dentro do meu sonho mora
um pedacinho de chão
A terra parindo de suas entranhas
o verde da plantação.
Troco o brilho de todo neon
Toda dureza do concreto armado
O som dos autos no asfalto
Pela paz da natureza viva.
Ver o milagre da semente
brotando da terra
Que a cidade, companheiro
Pesa o peso da agonia
Nos ombros desse frágil Atlas
Decano sonhador de outras
eras.
O canto do galo descortinando
auroras
Em um tempo sem pressa
No café coado no fogão
sobre o facho da lenha
Na palha do cigarro enrolado
entre os dedos
Que a cidade, companheiro
Pesa o peso da agonia
Entre encontro e desencontros
Idas e vindas sem nunca
Chegar a lugar nenhum.
Dentro do meu sonho mora
um verde pedacinho de chão
Onde more a paz dentro do meu
coração.
Por Fabiano Brito. Cratense, cronista e poeta com três livros publicados: “O Livro de Eros”, “Ave Poesia” e “Lunário Nordestino” (Editora UICLAP)