Nas trêmulas sombras da noite vazia,
Ecoam sussurros de um sonho esquecido,
Fragmentos dispersos, memória sombria,
De um tempo dourado, há muito partido.
Pedaços de luz dançam no abismo,
Estrelas que caem sem rumo ou razão,
Refletem no espelho do meu pessimismo,
Um mundo desfeito em plena ilusão.
Caminhos de névoa, promessas quebradas,
Fios que o tempo desfez em segredo,
Estrelas cadentes, memórias caladas,
Guardam os ecos do sonho em degredo.
E se as mãos do destino pudessem juntar
Os cacos brilhantes de um céu desmoronando,
Talvez o amanhã pudesse encontrar
A alma perdida que ainda vai sonhando.
Mas resta o vazio, a canção inacabada,
O vento que leva o que foi construído.
Na noite silente, a alma marcada
Pelos fragmentos de um sonho perdido.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este artigo é de inteira responsabilidade da autora, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri