O final de semana é aquela promessa feita a cada segunda-feira: “No sábado, vou descansar.” Mas aí chega a sexta-feira à noite, e tudo muda. O sofá que antes parecia o destino perfeito para o sábado de manhã se transforma em trampolim para uma maratona de compromissos. E lá se vai o descanso, escorregando pelas horas.
Acordo no sábado com a esperança de um dia preguiçoso, mas já sinto o peso da lista de afazeres. Lavar o carro, visitar os amigos, aquela faxina que não foi feita durante a semana. O que era para ser relaxante vira um quebra-cabeça de atividades que insistem em ocupar cada minuto livre.
E quando o relógio anuncia a tarde? Lá estou eu, em um supermercado lotado, desviando de carrinhos e filas, enquanto minha mente tenta achar algum traço de tranquilidade naquele caos. O plano era um passeio relaxante, mas a realidade? Uma maratona com carrinho cheio e pressa para voltar para casa.
O sábado escorre pelos dedos e, quando a noite chega, já estou cansado. Mas é então que vem a lembrança: há uma festa, um convite, uma promessa de diversão que não posso recusar. Mais uma vez, o descanso é adiado, substituído por música alta, risadas e conversas que estendem a noite.
E o domingo? Ah, o domingo é aquela última chance. Acordo e penso: “Hoje, sim, vou descansar.” Mas a verdade é que o domingo carrega o peso do amanhã. Há roupa para lavar, almoço em família, e a preparação para a segunda-feira que já espreita, ansiosa.
Então, a noite de domingo chega. Eu me pego no sofá, tentando capturar algum momento de paz antes de dormir. O corpo cansado, a mente tentando assimilar o que foi o final de semana. Mas, na verdade, o que foi esse final de semana? Um descanso que cansa, ou um cansaço que me faz desejar a rotina da semana.
A verdade é que o final de semana, muitas vezes, é um jogo de expectativas. O descanso? Um sonho que às vezes se realiza, mas que, na maioria das vezes, se perde nas atividades que insistem em ocupar nossos dias. Então, descanso ou me canso? Talvez um pouco dos dois, talvez apenas o suficiente para me lembrar que, na próxima segunda-feira, a promessa se renovará. E quem sabe, no próximo final de semana, o descanso finalmente me encontre.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este artigo é de inteira responsabilidade da autora, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri