Pus no branco
papel
Minha marca
inigualável
E apenas aquilo
que sou
Um desenho em
uma cédula
Numerada
Carimbada
Autografada
Sou apenas um
número.
Um a mais
Proletário, operário
Grão da massa
Que a vida faz
argamassa
Para construir
Castelos, quartéis,
Catedrais.
Como peixe
fisgado pelas iscas
de fabris efêmeras
ilusões.
Na esteira do tempo
segue meu corpo
cansado
Como eu, outros tantos
Amanhã matérias descartáveis
Substituíveis
Por outros igual a mim
trocados.
Dou mais um trago no meu
cigarro
Conversando-lendo
as palavras-páginas
com o velho Charles Bukowski.
Pois para sobreviver a razão
é preciso o contraponto da
loucura
Ser a inesperada contramão
aos velhos tratados propostos
sabe-se lá por quem traçados
Para deixar como marca, marco
o desenho de minhas digitais
no cosmo.
Por Fabiano Brito. Cratense, cronista e poeta com três livros publicados: “O Livro de Eros”, “Ave Poesia” e “Lunário Nordestino” (Editora UICLAP)