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Coach – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve semanalmente no Revista Cariri

13 de dezembro de 2020
Coach – Por J. Flávio Vieira
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A história, como toda notícia ruim, correu como veado perseguido por onça maracajá. “Totonho Língua de Cetim” tinha se suicidado! Aquela novidade tomou Cupertino de supetão. Chegou a escorar-se num poste velho da praça para recobrar o fôlego e o equilíbrio. Como acreditar? Totonho procurar a saída de fundos da porta da vida parecia coisa impensável! O homem fora um dos mais conhecidos Coaches da região, vivia perambulando por cidades, vendendo seus serviços motivacionais para empresas e fazia workshopings, brainstorms, conferências e palestras por tudo quanto era canto. A técnica, apurada por anos a fio, ensinava que a felicidade só depende de você, que pensamentos negativos são os principais responsáveis pelo insucesso e que você pode alcançar quaisquer que sejam os objetivos nesta vida: basta querer. A frase mais citada por “Língua de Cetim” era: “Não sabia que era impossível, foi até lá e fez!”. O nosso Coach, Cupertino lembrava bem, desenvolvera rituais baseados na neolinguística para alcançar a perfeição, um deles consistia em, diariamente, postar-se defronte do espelho e repetir mil vezes: “Eu sou um vencedor! Eu sou um vencedor!” Para Cupertino, assim, aquela notícia inacreditável, do ato desesperado do motivacional Totonho, não fazia nenhum sentido, seria comparável a alguém afirmar que o açougueiro da esquina agora tornara-se vegano.

E Cupertino tinha panos pras mangas neste assunto. Passara um período tenebroso na vida, quando, já beirando os quarenta, perdeu o emprego e, para completar, coincidentemente, a mulher lhe deu aviso prévio. Ele ficou assim despranaviado como um Reisado sem Mateu e Catirina. Pensou em trilhar o mesmo caminho que agora Totonho seguira. Perambulou por templos pentecostais, em busca do fast-milagre fácil e pronto, mas escapou a tempo, ao descobrir que o preço que cobravam era muito alto. O pastor Paulo Cézar só frisava um versículo bíblico: “Dai a Cézar, o que é de Cézar!” Foi quando teve notícia das proezas de “Língua de Cetim” e andou frequentando algumas palestras, onde o homem vendia a felicidade a varejo. Depois percebeu que a Auto-Ajuda era verdadeira na sua denominação, só que a Auto, no caso, se referia ao próprio Coach que estava bem, tinha casa de barão e carro importado. O papo de Totonho tentava despertar, numa plateia ávida de bens de consumo, o arrancamento a fórceps do sucesso com determinação e confiança. A felicidade a ser alcançada aparecia nos vídeos que projetava: mulheres e homens lindíssimos, roupas de grife, joias, hotéis e restaurantes chiques… Rápido, Cupertino percebeu que as transformações a serem acossadas eram apenas uma demão que se daria nas paredes da casa que estava com a estrutura abalada e prestes a ruir. Ele abandonou o mantra do “Eu sou um Vencedor” e passou a cuidar da vida, com seus picos e depressões: um filme com trilha sonora muitas vezes puxada para o blues e pouquíssimas para o frevo de rua. Esse era o prato servido? O segredo era degustá-lo (amargo, apimentado, salobro ou salgado) como a mais fina e requintada iguaria!

De qualquer maneira, Cupertino juntou os cacos dos cristais da sua existência e os colou como num quebra cabeças. Sabia faltavam peças que, com o preenchimento com o vinho avinagrado das horas, faria aparecer os inevitáveis vazamentos que manchariam a toalha já amarelada da sua alma. Aprendera a viver com essas fissuras e seus transbordamentos.

À noite, pôs-se a refletir sobre o ato inusitado do seu antigo orientador espiritual. Ele que tinha soluções para todos os obstáculos espalhados pelo caminho, tão ciente da sua força e determinação, o que justificaria um ato tão extremo? Por que o espelho do vencedor tinha se espatifado? Lembrou, então, de uma parábola que Totonho gostava de contar nas suas aulas motivacionais.

Um discípulo, confrontando seu guru, cerrou a mão e perguntou-lhe:

— Mestre, o que eu tenho aqui na minha mão?

O professor, placidamente, aceitou o desafio e respondeu com firmeza:

— Uma borboleta, meu filho!

O aluno detalhou mais a interrogação:

— Mestre, ela está viva ou morta?

O professor percebeu a encruzilhada em que se metera. Se dissesse que estava morta, o pupilo abriria a mão e deixaria a borboleta voar. Se dissesse que estava viva, ele a apertaria na mão e a mataria. Resolveu, então, salomonicamente a questão:

— Está em suas mãos fazer com ela o que você quiser!

A partir daí, Totonho discorria, nas palestras, sobre a livre arbítrio e as suas possibilidades (o otimismo e o pessimismo; o bem e o mal; o trabalho e o ócio). A lembrança dessa parábola parece ter acendido uma vela na escuridão em breu do suicídio. Ele concluiu que Totonho, ante o impasse existencial, preferira cerrar a mão e esmagar a borboleta. Ou quem sabe, tenha descoberto o grande segredo da existência: Desde o princípio a presença alada da mariposa era tão somente uma hipótese desvairada que o menino do tempo erguera com o punho no ar. Uma metáfora para a matéria de que são feitos nosso futuro, nossos sonhos e nossas aspirações: o vazio. Terá sido essa a imagem que, por fim, Totonho acabou vendo refletida no espelho quando tentava entoar o mantra: Eu sou vencedor? E, talvez, resolveu segui-la em busca das respostas que, enganosamente, tentara vender como definitivas, nas prateleiras dos auditórios repletos, por tantos e tantos anos?

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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