O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da cadeira da Presidência da Câmara dos Deputados por policiais legislativos nesta terça-feira (9), após se recusar a deixar o assento ocupado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O episódio interrompeu a sessão, provocou o esvaziamento do plenário e levou ao corte da transmissão da TV Câmara.
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🔹 Conflito acontece no mesmo dia em que Motta anuncia votação da cassação
Horas antes da confusão, Motta havia informado que colocaria em votação, ainda neste ano, a cassação do mandato de Braga, aprovada pelo Conselho de Ética em abril, por agressão a um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) em 2024. Desde então, o processo aguardava votação em plenário.
Em 2024, após a denúncia, Braga chegou a realizar uma greve de fome por mais de uma semana, encerrada após acordo firmado com o então presidente da Câmara.
🎥 TV Câmara corta sinal e imprensa é retirada
Depois de afirmar que não deixaria o assento da Presidência, Braga permaneceu sentado até que policiais legislativos esvaziassem o plenário. Jornalistas foram retirados e impedidos de registrar o conflito, e a transmissão ao vivo da TV Câmara foi interrompida às 17h34.
A assessoria de Hugo Motta alegou que a retirada da imprensa seguiu “protocolo”, mas não detalhou qual.
Após ser removido, Braga criticou o corte na transmissão: “Nunca tinha visto o sinal da TV Câmara ser cortado durante uma sessão”, disse. O deputado acusou a Presidência da Câmara de tratamento diferenciado em relação a parlamentares da oposição que ocuparam a Mesa em agosto.
⏱️ Cronologia do episódio
• 16h04 — Glauber Braga ocupa a cadeira da Presidência e se recusa a sair.
• 17h34 — TV Câmara corta transmissão; imprensa é retirada; plenário é esvaziado.
• 18h08 — Deputado é retirado à força pelos policiais legislativos.

🔹 Ocupação lembra episódio de agosto com deputados da oposição
No início de agosto, parlamentares contrários ao governo Lula haviam bloqueado fisicamente a Mesa Diretora. Um deles, Marcel Van Hattem (Novo-RS), chegou a impedir Hugo Motta de assumir a condução da sessão, episódio que fragilizou a autoridade do presidente da Câmara.
Motta cogitou suspender parte dos envolvidos em rito sumário, mas recuou por falta de apoio. O caso segue na Corregedoria, que tem prazo de 45 dias para apresentar parecer sobre possíveis punições.
⚖️ Processo que pode levar à cassação de Glauber Braga
A denúncia contra Braga foi apresentada pelo Partido Novo, após uma briga entre o deputado e o militante do MBL Gabriel Costenaro, em abril de 2024. Câmeras internas registraram empurrões e chutes durante o conflito, inicialmente verbal, que se estendeu para a área externa da Câmara e exigiu a intervenção da polícia legislativa.
O episódio prosseguiu no Departamento de Polícia Legislativa (Depol), onde novos desentendimentos ocorreram, desta vez entre Braga e o deputado Kim Kataguiri (União-SP). O relator do processo, Paulo Magalhães, concluiu que houve agressão.
📹 Relatório aponta quebra de decoro
O parecer afirma que não há “dúvidas” de que as agressões ocorreram, com base em imagens e depoimentos colhidos. O relator argumentou que Braga agiu de forma desproporcional, ignorando tentativas de intervenção de terceiros.
Aliados do deputado contestam o documento, afirmando que Magalhães incluiu episódios antigos e já arquivados, como embates com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), o que caracterizaria mistura de processos.
Para o relator, porém, o conjunto das condutas fere o Código de Ética e justifica a cassação do parlamentar.
🔚 Em disputa, clima tenso e sessão interrompida
Com a proximidade da votação da cassação, o clima político na Câmara voltou a se tensionar. A retirada forçada de Glauber Braga, o corte da transmissão e a expulsão da imprensa geraram críticas e abriram novo capítulo na crise envolvendo o deputado e a Mesa Diretora.
Por Pedro Villela, de Brasília







