A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta segunda-feira (1º), sua primeira diretriz sobre terapias com agonistas de GLP-1 para tratamento da obesidade, recomendando seu uso condicional em adultos — exceto gestantes — como parte de um plano contínuo de cuidado. A obesidade afeta mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, segundo a agência.
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A orientação surge em um cenário de crescente procura global por medicamentos dessa classe, popularmente conhecidos como “canetas emagrecedoras”, enquanto governos avaliam como incorporá-los aos sistemas públicos de saúde.
Recomendação é condicional e reforça abordagem integrada
A diretriz apresenta duas recomendações principais:
• Uso de GLP-1 para tratamento de longo prazo da obesidade em adultos (exceto grávidas).
• Combinação obrigatória com dieta saudável e prática regular de atividade física.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que a medida reconhece a obesidade como “uma doença crônica que pode ser tratada com cuidados abrangentes e ao longo da vida”. Ele alertou, porém, que medicação isolada não resolverá a crise global.
A pesquisadora Marie Spreckley, da Universidade de Cambridge, afirmou que as recomendações foram corretamente classificadas como condicionais, citando incertezas sobre o uso prolongado, doses elevadas, acessibilidade e capacidade dos sistemas de saúde.
Acesso desigual é principal preocupação da OMS
A OMS enfatiza que o acesso aos medicamentos continua restrito, mesmo com a expansão da produção mundial. A estimativa é que menos de 10% das pessoas que poderiam se beneficiar das terapias com GLP-1 terão acesso a elas até 2030.
Segundo Tedros, sem ação coordenada, esses medicamentos podem ampliar desigualdades entre países ricos e pobres e também dentro de cada nação.
A agência defende:
• expansão da produção global;
• mecanismos de aquisição conjunta entre países;
• redução de custos;
• e novas estratégias para garantir distribuição equitativa.
Medicamentos contemplados e critérios de uso
A diretriz se aplica a adultos com IMC igual ou superior a 30 e inclui três medicamentos da classe GLP-1:
• semaglutida
• tirzepatida
• liraglutida (versão mais antiga da mesma classe)
A publicação atual complementa decisão da OMS, tomada em setembro, que incluiu semaglutida e tirzepatida na lista de medicamentos essenciais para o tratamento do diabetes tipo 2 em grupos de alto risco — mas não para obesidade.
Impacto econômico e próximos passos
A OMS projeta que o custo global da obesidade poderá chegar a US$ 3 trilhões anuais até 2030, reforçando a urgência de ampliar o acesso às terapias. A entidade pretende trabalhar, em 2026, com governos e parceiros internacionais para priorizar grupos de maior risco e garantir que os tratamentos alcancem quem mais precisa.
Por Heloísa Mendelshon










