O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou a tentativa de golpe de Estado no final de 2022, segundo o relatório final da Polícia Federal (PF) divulgado nesta terça-feira (26), após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de retirar o sigilo do documento. A PF afirma que a ruptura democrática não ocorreu por “circunstâncias alheias à sua vontade”.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
A investigação, entregue ao STF na última quinta-feira (21), resultou no indiciamento de Bolsonaro e outras 36 pessoas. Eles são acusados de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, crimes cujas penas somam entre 12 e 28 anos de prisão.
O relatório indica que o grupo, liderado por Bolsonaro, desenvolveu uma narrativa de vulnerabilidade das urnas eletrônicas desde 2019 para justificar intenções golpistas em caso de derrota eleitoral. Após perder a eleição de 2022, Bolsonaro teria articulado a elaboração de um decreto para interromper a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Além disso, o ex-presidente teria conhecimento de um plano liderado pelo general da reserva Mario Fernandes para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O plano, intitulado “Punhal Verde Amarelo”, incluía detalhes como o uso de armamento militar, explosivos e envenenamento em eventos públicos.
O relatório revela que Bolsonaro sondou o apoio das Forças Armadas à proposta golpista. O então comandante do Exército, general Freire Gomes, teria alertado que prenderia Bolsonaro caso ele avançasse com o plano. Em contrapartida, o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, colocou tropas à disposição do ex-presidente.
A PF também identificou a existência de núcleos organizados para executar o plano golpista, incluindo desinformação, incitação de militares, ações jurídicas, operações de apoio e inteligência paralela.
Bolsonaro nega golpe
Em declarações recentes, Bolsonaro negou envolvimento em qualquer tentativa de golpe, embora tenha admitido discussões sobre um possível estado de sítio após a derrota eleitoral. “Ninguém vai dar golpe com general da reserva e meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando”, disse.
Ao longo de sua trajetória política, Bolsonaro demonstrou saudosismo da ditadura militar e desprezo pelo regime democrático. Durante seu mandato, acumulou ataques ao STF, TSE e à legitimidade do processo eleitoral, além de estimular atos golpistas.
As conclusões da PF agora serão analisadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresentará denúncias contra os envolvidos. O caso reforça o impacto das investigações sobre ameaças à democracia e o papel de autoridades públicas em proteger o Estado de Direito.
Por Aline Dantas