Deu na mídia corporativa que a PF está na trilha de um dos escândalos do MEC e seus gabinetes paralelos, envolvendo diretamente o estado de Alagoas, onde Arthur Lira exerce o seu mandato paralelo de cacique político. O escândalo de roubalheira em questão é o que trata da liberação de verbas para aquisição de kits de robótica para 43 municípios de Alagoas, entre 2019 e 2022.
Logo após bater o martelo sobre a compra do Centrão, como fornecedor oficial da blindagem da bandidagem da teocracia miliciana, Bolsonaro liberou a singela quantia de R$ 26 milhões de recursos do MEC para a compra dos kits pelas singelas prefeituras chefiadas por singelos prefeitos aliados de Arthur Lira. Tudo muito bucólico. Tudo muito dedicado à educação. Tudo muito agendado nas páginas policiais.
Cada kit custou R$ 14 mil para cada prefeitura, muito, mas muito acima do preço de mercado, inclusive mercado internacional, o que representa um superfaturamento de mais de 450%. A empresa que venceu a licitação, Megalic, venceu sozinha.
Ela nunca produziu kits de robótica e passou a terceirizar a compra de componentes a outra empresa, Pete, onde trabalhou por dois anos Alexsander Moreira, aliado de Arthur Lira, demitido do cargo de diretor de Apoio à Gestão Educacional da Secretaria de Educação Básica do MEC.
A investigação da Polícia Federal identificou depósitos suspeitos na conta do bolsonarista Alexsander Moreira, na ordem de R$ 737 mil, em dinheiro vivo, de uma empresa ligada a Edmundo Catunda, sócio da Megalic.
O assessor de liderança do PP na Câmara, Luciano Ferreira Cavalcante, indicado por Arthur Lira, enquanto presidente do PP, também foi exonerado do cargo, por envolvimento na ladroagem, de acordo com a Polícia Federal. Luciano Ferreira, ex-assessor de Arthur Lira, e seu motorista, Wanderson Ribeiro, foram flagrados em um vídeo recebendo dinheiro dos kits de robótica, em Brasília, ainda de acordo com a PF.
Ainda se imaginando dono da fábrica de blindagens de pilantragens, Arthur Lira reclamou diretamente com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, pela divulgação dos atos de investigação contra seus aliados tão próximos.
O presidente todo poderoso da Câmara de Deputados começa a tremer na base: ciente que o seu telhado é de vidro, dos mais hipócritas do mercado de iguarias da vida pública brasileira, ele começa a tentar impedir que as pedras sejam arremessadas. O tom é patético e o diapasão é de desespero.
Nesse embrulho todo uma informação tende a passar despercebida pela esquerda de pantufas. Alexsander Moreira, demitido, finalmente, do MEC, com exoneração publicada no Diário Oficial da União, dia 5 de maio, última segunda-feira, ele era coordenador de redes de infraestrutura educacional durante a gestão de Bolsonaro.
Sendo bolsonarista de carteirinha e bolsos, ele não havia sido demitido pelo ministro atual da Educação Camilo Santana. Foi apenas mudado de cargo. Faltam quantos bolsonaristas no MEC serem desmascarados em escândalos de roubalheira, para serem demitidos?
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri